Grandes
trapaceiros e seus golpes memoráveis ficam marcados para sempre na história.
Alguns deles chegam até mesmo a inspirar obras, como é o caso do americano
Frank William Abagnale Jr., que tem seus esquemas revelados no filme “Prenda-me
Se For Capaz”, ou do brasileiro Marcelo Nascimento da Rocha, que também teve
sua história contada no livro e no filme “VIPs”.
Abaixo,
você vai conferir casos semelhantes de impostores que usaram suas melhores
habilidades para assumir identidades falsas, contar boas mentiras e aplicar
golpes muito rentáveis. Confira toda a sagacidade de pessoas que usaram da
esperteza para fazer façanhas que você nunca imaginou.
Ferdinand Demara: o grande impostor
Ferdinand Demara: o grande impostor
Ferdinand
Waldo Demara não ganhou o título de “o grande impostor” à toa. Afinal, a
alcunha é mais do que merecida para alguém que se passou por engenheiro civil,
zoólogo, doutor em psicologia, monge, diretor-assistente em um presídio no
Texas, professor de Filosofia em uma universidade da Pensilvânia, atendente de
hospital, advogado e até mesmo cirurgião.
Apesar
dessa lista impressionante, Demara começou na carreira militar, mas,
descontente com o trabalho, forjou um suicídio em 1942 e assumiu a identidade
de Robert French. Foi então que ele começou a dar aulas e, de tempos em tempos,
trocava de cargo, de instituição e de nome. Para seu azar, mesmo usando
identidades falsas, ele foi descoberto pelo exército e precisou cumprir o
serviço militar na prisão durante 18 meses.
Quando
foi liberado, o impostor ficou sabendo da Guerra da Coreia e decidiu assumir a
personalidade de um de seus conhecidos, o cirurgião Joseph Cyr. Com a nova
identidade, ele conseguiu uma vaga em um navio canadense e embarcou para o
Oriente. Seu grande azar foi que ele acabou sendo o único “cirurgião” da equipe
e precisou atender os combatentes feridos.
Fontes
afirmam que ele tinha um QI bastante alto e uma memória fotográfica incrível, o
que permitia que ele utilizasse todo o conhecimento dos livros de medicina que
possuía à mão durante as cirurgias que precisou fazer. Mesmo sem qualquer
treinamento, Demara fez cerca de 15 operações e, surpreendentemente, todos os
seus pacientes ficaram bem.
Sua
principal trapaça foi desmascarada pela mãe do verdadeiro Dr. Joseph Cyr.
Demara faleceu em 1982 enquanto trabalhava como pastor batista, e sua carreira
de embusteiro profissional serviu de inspiração para o filme “O Grande
Impostor”, de 1960. No final, o impostor nunca ganhou muito dinheiro com suas
façanhas, mas não podemos dizer que ele não teve uma vida emocionante.
Mary Butterworth: a mulher que fabricava
dinheiro
A
primeira trapaceira a ficar conhecida nos Estados Unidos foi Mary Butterworth.
Em 1716, a senhora vivia na colônia de Massachussets e trabalhava como
confeiteira e lavadeira para sustentar seus filhos. Até o dia em que ela
descobriu que poderia fazer com que sua cozinha e alguns utensílios domésticos
rendessem muito mais dinheiro.
Sem
muita tecnologia, o esquema consistia em utilizar um pedaço de tecido engomado
para copiar a imagem de notas de alto valor e usar um ferro de passar bem
quente para imprimir o desenho em uma folha de papel em branco. Logicamente, as
notas falsas que eram produzidas não ficavam perfeitas. Então, Mary corrigia
manualmente os defeitos de cada uma delas para que parecessem legítimas.
Para
lucrar com o negócio, a mulher vendia as notas por metade do valor impresso. Em
pouco tempo, seu negócio começou a fazer sucesso e ela passou a contar com a
família toda para ajudar na falsificação. Porém, com a grande quantidade de
notas frias rodando na região, o esquema foi descoberto pelas autoridades da
colônia.
Muitas
pessoas foram acusadas pela fraude, mas o mais curioso é que não existiam
provas que pudessem incriminar Butterworth, a principal responsável pelo
esquema. Isso porque os tecidos utilizados para imprimir as notas falsas podiam
ser lavados ou descartados facilmente e, além disso, ninguém pode ser preso por
ter um ferro de passar, não é mesmo?!
Depois
de ser julgada e liberada, a senhora Butterworth não se envolveu mais em
atividades ilegais. Ela faleceu em 1775 com 88 anos.
Victor Lustig: o homem que vendeu a
Torre Eiffel
Apesar
de ter ficado conhecido na história como “o homem que vendeu a Torre Eiffel”, o
primeiro golpe do austríaco Victor Lustig foi vender uma suposta máquina que
imprimia dinheiro. O trambiqueiro demonstrava o funcionamento do equipamento
aos seus clientes, avisando que cada nota demorava seis horas para ficar pronta.
Visando um lucro incrível, as vítimas do golpe pagavam cerca de 30 mil dólares
pela máquina que, nas 12 horas seguintes, à compra imprimiria duas belas notas
de cem.
O
que eles não imaginavam é que o artigo pararia de funcionar tão rapidamente.
Lustig, que foi considerado um dos vigaristas mais espertos de todos os tempos,
havia colocado duas notas verdadeiras na máquina para ter tempo suficiente de
escapar para bem longe antes que seu cliente descobrisse o golpe.
Mas
seu grande feito foi quando, em 1925, ele leu um artigo no jornal que
apresentava os problemas da prefeitura de Paris em manter a Torre Eiffel. Isso
foi suficiente para que ele se passasse por um oficial do governo e usasse a
sua nova identidade para convidar seis empresários que trabalhavam com
ferro-velho para uma reunião de negócios confidencial em um luxuoso hotel.
O
malandro teve a cara de pau de levar suas vítimas de limusine para uma inspeção
no monumento, informando que a cidade tinha interesse em vender a torre como
ferro-velho. Sem pensar muito, um dos empresários comprou a Torre Eiffel e
Lustig fugiu para Viena com todo o dinheiro da falsa negociação. O embaraço era
tão grande que o empresário não teve coragem de denunciar o picareta para a
polícia.
Outro
fato admirável é que o austríaco conseguiu aplicar um golpe no grande mafioso
Al Capone. Para isso, ele convenceu o gangster a investir 40 mil dólares em
ações. Lustig ficou com o dinheiro do italiano guardado em um cofre durante
dois meses e depois devolveu a quantia a Al Capone, explicando que o negócio
não havia dado certo. Por tamanha honestidade, o mafioso recompensou Lustig com
cinco mil dólares. Logicamente, esse era o valor que o trapaceiro queria
embolsar desde o princípio.
Em
1935, Lustig foi preso por falsificar notas depois que a polícia recebeu uma
denúncia anônima. O golpista foi julgado e condenado a pagar sua pena na prisão
de Alcatraz. Em 1947, Lustig pegou pneumonia e morreu logo em seguida.
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