Bela Adormecida violentada
No
conto dos Irmãos Grimm, publicado em 1812, chamado “Little Briar Rose”, a
história já é da forma como todos nós conhecemos, em que a princesa é
amaldiçoada, pica o seu dedo em um fuso de fiar e adormece. Ela só é acordada
com o beijo do príncipe e tudo termina bem.
No
entanto, os Irmãos Grimm se inspiraram no conto “Sol, Lua e Talia”, de
Giambattista Basile, de 1643. Neste conto, um rei — casado — se apaixona pela
princesa no castelo abandonado. E o que ele faz? Estupra a moça enquanto ela
dorme. Ela fica grávida e dá à luz gêmeos, o Sol e a Lua. Um dos bebês suga a
farpa amaldiçoada por baixo de sua unha e ela desperta.
Porém,
a esposa do rei fica sabendo de tudo, aparece e tenta matar os bebês, desejando
dá-los depois para o seu marido comer! Ela também tenta queimar Talia viva, mas
o rei a salva na hora certa, e a rainha é queimada no lugar dela. Os bebês
também foram salvos. A Bela nem questionou o porquê do estupro enquanto dormia
e eles foram felizes para sempre. Fim. Gostou?
Pequena Sereia suicida
Na
história de Hans Christian Andersen, de 1836 — a mesma em que a Disney se
baseou para fazer o seu filme —, a língua da Pequena Sereia é cortada pela
Bruxa do Mar como um preço a se pagar para ter pernas em vez de rabo de peixe.
A sereia queria viver como humana para conquistar o príncipe.
Dessa
forma, ela teve que conviver com dor, sem falar e os seus pés sangravam sem
parar. Em seguida, o príncipe se casou com outra mulher. Então, a pequena
sereia tinha duas opções: ela poderia matar o príncipe e voltar a ser uma
sereia ou atirar-se para o oceano e morrer.
Incapaz
de matar o príncipe, ela comete suicídio. Apesar de a história ser um original
de Andersen, o autor se inspirou em um conto chamado “Undine”, de Friedrich de
la Motte Fouqué. Neste conto, um cavaleiro se casa com um espírito das águas
(Undine) e ela recebe uma alma humana.
Os
parentes espirituais de Undine são travessos e, por vezes, muito maus, e eles
começam a complicar o casamento. Além disso, a moça permite que ex-namorada de
seu marido, Bertilda, viva com eles no castelo. O cavaleiro se apaixona
novamente por Bertilda e os dois começam a tratar mal Undine, o que deixa seu
tio, um poderoso espírito da água, muito zangado.
Undine
então comete suicídio, jogando-se em um rio caudaloso para salvar seu marido e
Bertilda da ira de seu tio. Ela perde sua forma humana e torna-se um espírito
de novo. O cavaleiro acredita que ela está morta e se casa com Bertilda, mas
esta é uma grande afronta para os espíritos das águas. Undine então é forçada
pelos espíritos a voltar e matar seu ex-marido.
Branca de Neve torturada
A
história da Branca de Neve dos Irmãos Grimm conta que a malvada rainha ordena
que um caçador leve a ela os pulmões e o fígado da moça, como prova da morte da
princesa. No entanto, o caçador traz de volta as entranhas de um porco, e a
rainha, acreditando que eles sejam de Branca de Neve, avidamente devora os
órgãos.
Neste
conto, a rainha tenta matar Branca de Neve três vezes: primeiro ela puxa os
espartilhos da moça de uma forma tão apertada que ela desmaia. Na segunda vez,
ela escova os cabelos da princesa com um pente envenenado, o que faz com que
ela caia em um sono mortal, mas os anões removem o pente e ela desperta.
Finalmente,
a rainha envenena uma maçã que Branca de Neve come e aparentemente morre. Os
anões colocam seu cadáver em um caixão de vidro, o qual um príncipe encontra.
Ela acorda e o final é feliz.
Os
Irmãos Grimm se inspiraram em um conto chamado “The Young Slave” para criar
Branca de Neve, também escrito por Giambattista Basile. Nesta história, um bebê
é amaldiçoado por uma fada para morrer em seu sétimo ano de vida. Quando a
menina completa sete anos, sua mãe está penteando seu cabelo e o pente se aloja
no crânio da criança, aparentemente matando-a.
A
mãe coloca a menina em um pequeno caixão de cristal, que é encaixado em mais
seis de tamanhos crescentes, totalizando sete, e os tranca em uma câmara no
castelo. A mãe finalmente morre de tristeza, mas antes confiou a chave da sala
do caixão a seu irmão, dizendo-lhe para nunca mais abrir a porta.
A
esposa do irmão se apodera da chave, abre a porta e encontra uma jovem mulher
bonita no interior dos caixões de vidro (a menina continuou a crescer enquanto
dormia). A mulher acha que o marido está mantendo a menina trancada no quarto
para ter relações sexuais com ela, então a arrasta pelos cabelos, fazendo o
pente se soltar e quebrando o feitiço.
A
mulher corta os cabelos da princesa e a chicoteia com força, fazendo-a sangrar
muito. Ela ainda faz com que a menina seja a sua escrava e bate nela
diariamente. A jovem então decide se
matar, mas, enquanto afia a lâmina de uma faca para cometer suicídio, ela conta
a sua história para uma boneca.
Seu
tio ouve tudo e a verdade é revelada. Ele então manda a sua esposa embora,
busca ajuda médica para a sua sobrinha e arranja um bom casamento para ela com
um homem rico. Os sete anões não aparecem nesta versão, só os sete caixões de
cristal.
Pocahontas escrava e estuprada
A
história de Pocahontas foi baseada na vida real da índia Powhatan que viveu na
colônia da Virgínia no século 16. A
história conta que ela salvou o inglês John Smith, que seria executado pelo seu
pai em 1607. Nessa época, Pocahontas teria apenas entre dez e onze anos de
idade.
É
verdade que ele foi capturado pela tribo, mas, em sua história original, Smith
relatou que foi tratado muito gentilmente. Foi só muitos anos depois, quando o
nome de Pocahontas ficou conhecido na Inglaterra, que Smith fabricou a história
sobre ela resgatá-lo da execução.
Quando
Pocahontas tinha 17 anos, ela foi capturada por outros ingleses e mantida como
prisioneira. Seu marido Kokoum foi morto e Pocahontas foi estuprada
repetidamente e, consequentemente, engravidou. Ela foi forçada a se converter
ao cristianismo e teve de se casar com um agricultor de tabaco inglês chamado
John Rolfe para fazer a gravidez parecer legítima.
Em
1615, o casal viajou para a Inglaterra e Pocahontas foi apresentada ao público
como um "símbolo selvagem domesticado da Virgínia". Depois de dois
anos na Inglaterra, eles começaram a sua viagem de volta à colônia, quando
Pocahontas ficou doente e começou a ter convulsões.
Antes
mesmo de deixar o país, Pocahontas morreu, horrivelmente e dolorosamente com
apenas 22 anos de idade. Relatos históricos ingleses especulam que ela possa
ter sucumbido à pneumonia, tuberculose ou mesmo varíola.
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